Eu queria ter mil vidas para viver tudo o que desejo viver. Sempre quis.
E às vezes pensei e penso que tenho. Há quem me diga que tenho.
Às vezes eu acredito e isso me acalenta e conforta.
Mas....
E se não for verdade? Se for só uma e fim? Terei passado toda a minha única vida enganada e nem vou saber que fui.
Bem, quando eu morrer nessa, vai ser uma tremenda covardia se não tiver e pior, eu nunca vou saber.
Então...
Por tantas vezes me pensar finita e por precaução, quis viver muito e tudo nessa vida minha e acontece que, de tanta pressa, mudei tanto, experimentei tanto, me arrisquei, me entreguei tanto que cansei cedo demais.
Porque viver às vezes cansa, mas nada cansa mais do que passar a vida com pressa, com medo que ela passe.
Até que chega o dia que, de tanto cansaço, tanta exaustão, a gente perde o medo.
E passa a viver cada momento, sem futuro nem passado, sem querer ou negar, sem desejar mais nada que represente ou signifique a sua vida. Sem peso, sem tamanho, sem ego, sem pensar. E vai-se vivendo apenas, sem ver a vida passar.
De olhos fechados
e em paz.