A Indiferença
Você passou por mim e nem me olhou, apenas bateu a mão num cumprimento rápido e desatento. Senti uma dor no peito e o mundo virou um pesadelo. Saí dali perdida, a dor doendo, a cabeça confusa, a sensação de irrealidade.
Acho isto tão feio! Você diz que os relacionamentos amorosos terminam sempre em desprezo ou em ódio. Os seus terminam assim, os meus não. Eu nunca vivi isso, nunca experimentei algo assim tão pesado. E doeu, uma dor feita de susto e estranhamento.
Como posso entender que duas pessoas, após se darem, se conhecerem, se buscarem tanto, podem passar assim, um pelo outro, sem pelo menos um sorriso, um olhar?
Tinha que haver um sorriso. Talvez um sorriso triste, talvez um sorriso meio culpado ou sem jeito, numa solidariedade cúmplice na separação, numa cumplicidade na derrota. E tinha que ter havido um olhar.
Um olhar rápido, pode ser; mas um olhar pessoal, de quem se conhece; um olhar que diferencia o outro e o distingue. Puxa, foi tão feio, tão desrespeitoso! Eu sei que você está fugindo de mim e entendo, entendo mesmo. Não sei se você sai com ódio ou desprezo, só você pode saber.
Sei também que para você não há outra opção possível. Seria muito triste pensar que você me despreza e terrivelmente doloroso achar que você me odeia; então não penso. Isso é assunto seu, não meu...